19 junho 2012

Dinheiro e Dignidade

Hoje estava observando a alameda de lindas, altas e antigas árvores, por onde passo para ir buscar minha comida. Gosto do lugar onde moro. Como não posso colher do chão, pois não tenho terra, meu alimento vem das prateleiras e em troca disso eu dou um papel ($) para o dono das prateleiras. Ás vezes pego mais coisas do que preciso e aí ele quer muito papel ($).
Pelo caminho e “de fora” do meu corpo, comecei a observar as máquinas que passavam toda hora com humanos dentro. Às vezes uma luz vermelha acendia e as máquinas paravam, às vezes se "embolavam". Lembro-me, há muito tempo atrás que estas máquinas eram em menor número, porém infinitamente mais barulhentas e fumacentas. Minha mente "vagueou", como diz minha amada amiga Paty.

Estava me sentindo "estranha". Aliás, ultimamente esse sentimento tem permeado meus dias,
Mas sei que tudo é natural e deve ter milhões de outros, que “estão” humanos, se sentindo assim também. É...Um pouco com se eu fosse, ou estivesse "D'Jou".

Enfim, vendo as árvores saindo do chão, me perguntei por que elas fazem isso. Por que o "teto" lá em cima é azul, para quem olha daqui de baixo. Tem este planeta, impossível sermos os únicos.

Inevitavelmente, me vieram à mente as águas, os ventos, os raios, o fogo e as espécies. Porque será que essa turma toda está aqui junta e misturada deste jeito?

Como humana que me lembrei “estar” afinal faço parte da bagunça, minha mente dessa vez, “vagueou” para a constituição das cidades, para a organização. Tinha que ser assim mesmo?

Lembrei-me dos esquimós, que levam seus velhos para morrerem no gelo. A última viagem.

Das chinesas que deformam seus pés. Dos humanos pequenos e grandes da África e outros lugares, onde não tem prateleiras e quando tem, ou elas não tem comida, ou eles não tem o papel ($), então eles são bem ossudos de olhos esbugalhados. Seus corpos tremem.

Os humanos sofrem. Frio, fome, dor. Sofrem também com o amor. Tudo aqui neste lugar dói?
Tem humanos ruins e bons também, apesar de às vezes, não ter como discernir.

Eles formaram uma sociedade, cada um a seu modo e ela fede. Principalmente quando não tomam banho. Na maioria delas, todos tem que conseguir o tal papel ($), ou exercer um "papel", ou acabam sendo o papel (lixo).
Ele (o papel) é muito importante para que sejam felizes. Então os mais jovens e mais espertos, melhor orientados, principalmente cujos pais tem bastante papel, conseguem mais papel, por que programam suas vidas direitinho, estão bem adequados à dita constituição chamada “sociedade”, já outros, se matam, mutilam, ou se atrapalham demais e acabam tendo uma velhice insípida e uma morte indigna.

Isso me lembra: DIGNIDADE – algo que enfim, parece valer a pena na espécie chamada humana, porém nem todos parecem ter direito a ela. Mas isso é assunto para outro post, que eu não sei se vou escrever. Pois aquele cara que ilumina o passar do tempo, aqui neste lugar, aquela bola dourada, pode esquecer-se de aparecer amanhã.

Até por que, ele vem todo dia e ninguém se lembra de agradecer mesmo. Ele até deve pensar que não é importante, assim como certos humanos, que permitem que outros humanos os façam pensar que são indignos.




Autora: Edna Molina

2 comentários:

  1. Belo texto Edna! Estamos mesmo na mesma sintonia, hoje senti uma enorme gratidão por essa chuva, enquanto outros estão reclamando da mesma! Parei para olhar as plantas do meu quintal e vi como elas estão felizes e gratas pela chuva! Basta fazer isso, tudo está bem diante de nossos olhos, que veja aquele que tiver olhos para ver! Quanto ao "papel", esse é magnífico, mas apenas esse qe tem olhos saberá usá-lo com dignidade e gratidão!
    Uma ótima noite e excelente vida!

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    Respostas
    1. Olá querido Dhraxlu! Sim...Gratidão...muito mais do que dizer, algo a se sentir, por que também é uma forma de Amor.
      Obrigada querido amigo.
      Vida Longa e Próspera!

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